JESUS

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

PROFESSOR e ATOR JOÃO BOSCO UM MILITANTE DAS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL


 

 

Com o Professor João Bosco Santos compartilhamos as mesmas escolas até a 2ª série do 2º grau, inicialmente o 1º grau na Escola Estadual Olavo Bilac nas gestões do Professor José Carlos e o Professor

Lisandro Machado e depois o 2º grau na escola Estadual de 1º e 2º grau Governador Augusto Franco, mas quando nos conhecemos de fato foi no I Encontro Municipal de Juventude Negra de N. Sra. Socorro/SE.



Ocasião em que o Profº. Bosco era Secretario Adjunto da Cultura da Prefeitura Municipal de Nossa Senhora de Socorro/SE, onde ele era um dos organizadores juntamente com Cristiano Conceição  e Jane Selma. Em seguida fui cabo eleitoral em sua campanha para vereador no município de Nossa Senhora do Socorro. Sempre envolvido em várias lutas sociais, muitas voltadas para ações de melhoria no município em que reside.

Suas atitudes enquanto militante social e de politicas de igualdade racial sempre fizeram minha admiração por ele crescer em larga escala, mas uma das minhas maiores contemplações é ver seu imenso amor e dedicação à família, sentimentos quais ele faz questão de publicar nas redes sociais.

 
 
Diz o professor Bosco: “Desde pequeno eu já destinava parte dos recursos do meu trabalho como engraxate
 





como engraxate e vendedor de jornais, para o sustento da casa, sempre procurei ajudar meus irmãos e irmãs. Nós morávamos numa Vila de Quarto no bairro Santos Dumont na rua José Gomes de Almeida, diante dessa situação passei a fazer cadastros em diversos programas residenciais e de conjuntos habitacionais, até conseguirmos uma casa no Conjunto Marcos Freire I, mesmo no inicio onde o sistema de transporte urbano era precário, passei a morar no Marcos Freire, porque quem ganhava uma casa na época era obrigado, imediatamente a ocupa-la, só depois que melhorou a oferta de transporte público é que minha mãe e meus irmãos foram morar comigo, depois que casei comprei uma casa no conjunto Marcos Freire II para minha mãe.

Em 1991 resolvi casar com  Adalcy Costa dos Santos, também professora (atualmente leciona artes no colégio Estadual Ministro Marco Maciel) fomos admitidos pela secretaria estadual de educação ao mesmo tempo, fruto do mesmo concurso, tenho  3 filhos: Adriel Agnes Costa Santos 11 anos de idade, Beatriz Agnes Costa Santos 13 anos de idade, Brena Agnes Costa Santos 18 anos de idade, atualmente cursando direito na FASE, meu foco principal é a família, sou feliz pois somos uma família unida, sempre tivemos juntos nos momentos bons e nos momentos ruins, recentemente  procuramos juntos ajudar minha mãe que  teve um agravamento de saúde por causa da diabete”.

João Bosco Santos, nasceu em Propriá-SE em 19 de março de 1968 e nos relata um pouco da sua história:

Minha história começa na cidade de Propriá, uma cidade ribeirinha, sou de uma família de 6 filhos, de mãe solteira, pois  meu pai nunca viveu com minha mãe e minha mãe teve que nos criar sozinha, Propriá era uma cidade tranquila, banhada pelo rio São Francisco, de repente Propriá começou a ter problemas com sua economia, quando as pessoas começaram a migrar para Aracaju, minha mãe resolveu vim para Aracaju mas não pôde trazer todos os seus filhos, trouxe só a metade, primeiro os mais velhos deixou 2  na casa de familiares e no meu caso eu fiquei na casa de um casal amigo da minha mãe,  minha mãe foi trazendo  para Aracaju um por um, até chegar minha vez de vim para Aracaju,  cheguei em Aracaju na,  década de 70,  logo foi necessário trabalhar para ajudar nas despesas da família eu fiz uma caixa de engraxate e passei a engraxar sapato no calçadão de Aracaju, peguei carrego no mercado, vendi coel, o famoso coel da época, sonho com suco ou pastel com suco,  fui vendedor de jornal,  trabalhei numa panificação, trabalhei no G. Barbosa, até que cheguei no SESC, no SESC seguir carreira, passando por várias funções,  coordenador de apoio operacional, gerente de programa, dentre outros, atuando inclusive no Sesc Socorro. Estudei o pré-escolar  na Escola Municipal Manoel Eugênio,  o primeiro grau no Colégio Estadual Olavo Bilac,  o segundo grau no colégio Estadual Governador Augusto Franco todos situados no Bairro Santos Dumont, continuei o 2º grau no Colégio Estadual Atheneu Sergipense e o Ensino Superior  no curso de letras da UNIT,  pois  não havia o curso de letras noturno na Universidade Federal de Sergipe, como eu trabalhava pelo dia tinha que estudar à noite, mesmo trabalhando no SESC eu passei no  concurso público do estado, qual tenho  11 anos trabalhando e 24 anos de trabalho no SESC.”

O professor João Bosco ainda criança estudou no Colégio João Fernando de Brito em própria,  quando criou o  primeiro conceito de socialismo,  e apaixonou-se  pelo socialismo segundo João Bosco “a sociedade socialista é uma sociedade justa a igualitária”. Iniciou sua militância politica no movimento estudantil, participando do Grêmio Estudantil do Colégio Augusto Franco (Grêmio escolar Mario Jorge, criado por mim) na companhia de Aninha, criando paixão pelo movimento estudantil e pelas lutas políticas prosseguiu atuando na faculdade como presidente do centro acadêmico de Letras, dessa forma fazendo da política uma bandeira de luta, passou a participar da  juventude do PDT, onde passou muitos anos, mesmo sem se filiar ao PDT, época onde fazia parte do partido  Leonel Brizola e o PDT  estava no comando aqui em Sergipe por Almeida lima e Carlos Alberto Menezes. Dando sequencia a sua vida política ingressou no PCB – Partido Comunista Brasileiro (o Partidão). Tornando-se secretário político (presidente municipal) do diretório municipal do PCB em Nossa Senhora do Socorro, como reconhecimento ao seu trabalho foi conduzido à presidência do PCB estadual, onde passou mais de 20 anos militando.   para divulgar o partido foi  diversas vezes candidato a vereador e a senador da república.  Diz o Profº. João Bosco:  “Dediquei mais  20 anos da minha vida a luta pela construção de uma sociedade justa e igualitária e tenho certeza que ao longo dessa militância nós plantamos uma semente em cada canto que passamos, pois pegamos o partido comunista depois do racha de 1992 em que Roberto Freire quis liquidar o Partidão, em Sergipe Roberto Freire levou com ele militantes importante para o PPS, deixou o partido comunista praticamente vazio, nós abraçamos essa causa percorrendo o estado de Sergipe, apenas eu e os saudosos camaradas Agnaldo Pacheco e Antônio Moreira Matos e a camarada  professora Marlene Melo, percorremos praticamente todos os municípios de Sergipe,  naquela época tinha que ter filiados, para continuar existindo, nós quatros saímos em porta em porta para convencer as pessoas a se filiarem ao PCB, muitas vezes comendo bolachão com guaraná Marita para que o Partidão continuasse existindo e resistindo, até hoje o PCB está de pé e é um partido importante para a sociedade porque é um contraponto ao capitalismo. Nós deixamos de militar no PCB por pontos de divergências no 14º congresso do partido onde o  partido tomou decisão de se fechar cada vez mais,  entendendo que devia marchar sozinho, como nós temos entendimento que sozinho nem partido, nem ninguém vai a lugar nenhum defendemos a abertura do partido para que fizesse coligação e militância conjuntamente com outros  partidos (PSTU, PSOL, PCO), nossa ideia  não prevaleceu  por isso daí resolvemos declinar do partido. Depois do PCB não me firmei em nenhum outro partido,  no momento estou participando na construção do PMP – Partido da Mobilização Popular e contribuindo com o Partido Municipalista e Partido Ecológico Cristão, vários partidos têm pedido nossa ajuda.”

Como ator participou do grupo de jovens (GLS) da igreja São Francisco de Assis no bairro Santos Dumont, onde criou  um grupo de teatro como alternativa de participação social dos jovens, fazendo intercâmbio com o  grupo de teatro IMBUAÇA,  participando da realização de oficinas, o que o fez se apaixonar pela profissão de ator e levando-o a fundar o grupo de teatro 14 BIS e através dele encenou vários espetáculos a exemplo da peça “ Dezessete e setecentos” baseado na música de Luiz Gonzaga e na cultura popular das feiras livres,  esse espetáculo circulou por muito tempo  no estado, em seguida  se aproximou do grupo Mambembe, junto a RaimundoVenâncio,  Vírginia Lúcia, Tárcio, etc. Fruto dessa vivência, tomou a decisão de profissionalizar-se como ator, passando por todas as exigências do SATED _ Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Sergipe, conquistando assim a sua DRT nº 194, sendo aprovado com uma excelente média.  Como ator profissional passou a atuar no SESC na área de teatro,  dirigindo um grupo de teatro para a 3ª Idade,  aonde  montou vários espetáculos a exemplo do “Matuto com Balaio Maxixe” qual apresentou-se em vários estados do Brasil,  inclusive em Brasília no encontro cultural para terceira idade, atualmente é Analista em Artes Cênicas,  à frente de vários projetos, como o circuito SESC  de teatro,  Dramaturgia – Leituras em Cena, Palco Giratório, além dos cursos de Dança de Salão e Dança do Ventre.

Parte da história do Profº. João Bosco está voltada para sua participação nos movimentos negros diz João Bosco “Aqui no estado o maior avanço do movimento negro foi a partir do primeiro mandato do presidente Lula quando ele cria a SEPPIR - Secretaria Especial de Politica de Promoção da Igualdade Racial com isso os estados, principalmente os estados administrados por governadores petistas e aliados do PT criam  as coordenadorias de politica de  igualdade racial,  nós tivemos a felicidade em um desses momentos de estarmos como Secretário Adjunto da Secretaria de Cultura de N. Sra. do Socorro, onde fizemos com quê o município se filiasse ao FIPIR – Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, quando o município abraçou a política de igualdade racial,  embora eu não esteja mais trabalhando na Prefeitura Municipal de Socorro essa semente ficou plantada de maneira que está acontecendo até hoje, onde também a prefeitura está construindo um espaço exclusivo para artes cênicas e o MINC reconhecendo esta participação traz projetos ligados à cultura negra,  mais há muito a lutar, para que seja criado uma secretaria de política de igualdade racial independente com recurso específicos, já que atualmente esta coordenadoria está ligada aqui no estado a Secretaria do trabalho. Mas minha luta continua e estou sempre participando dos encontros nacionais de igualdade racial também temos militância na UNEGRO – União de Negros pela Igualdade, vejo que este movimento é necessário, através desta luta na busca de igualdade racial estamos levando cursos para comunidade, também para comunidade de terreiro,  realizamos algumas oficinas nos  terreiros de Aracaju  e Socorro,  de maneira que a comunidade aprende artesanato e cria uma sustentabilidade econômica.  Agregado a essa capacitação cadastramos as pessoas desta comunidade a participar  do projeto da CONAB onde são distribuídos feijão e arroz, etc”

Em relação às cotas raciais compartilhamos a ideia de que o Brasil tem uma divida com os negros,  depois de muito anos de exploração com mão de obra escrava, as cotas é uma pequena parcela do que o Brasil realmente deve recompensar os negros, que ajudaram a construir esta nação debaixo de espancamentos, suor e lágrimas.  Lembramos que entre a população de baixa renda, a maioria é formada por negros, se não fosse as cotas jamais teríamos acesso dos estudantes das escolas públicas a cursos por muito tempo elitizados, quando o ensino publico tiver condições de permitir aos seus alunos competir de igual para igual com alunos das escolas privadas,  não vai ser mais necessário as cotas.

Diz ainda Profº. João Bosco: “No momento as cotas são necessárias, os que dizem que cotas é facilidade,  é tudo falácia, pois na verdade as universidades públicas deveriam servir apenas aos estudantes da escola pública  e deveríamos criar cotas para alunos das escolas privadas.”

- Reginaldo Paz: Fale sobre o dia 20 de novembro dia da consciência negra.

- Profº. João Bosco: Devemos entender essa data apenas como um grito, os negros dizendo ao Brasil “nós estamos aqui, somos a maioria, estamos vivos e precisamos de políticas públicas,  precisamos de atenção” é preciso entender que a consciência negra deve se dá todos os dias e diariamente devemos ter essa consciência, principalmente nós negros,  o Brasil é um país construído basicamente de negros, mesmo as pessoas de pele clara, se formos estudar sua árvore genealógica vamos descobrir que são descendentes de negros,  é preciso entender esta lógica para acabar com abusos, com a exploração dos negros, onde as vezes os negros acabam se rendendo a essas injustiças,  onde até a escola ensina que nós negros temos que ficar na cozinha,  fazer os serviços mais pesados, o dia da consciência negra é importante para acordar as pessoas que cruzam os braços e se deixam levar pela mídia.

- Reginaldo Paz: Deixe uma mensagem para os sergipanos.

- Profº. João Bosco: Quero falar aos sergipanos sobre a importância de entrevistas como esta que o JORNAL DIA DIA  está fazendo, que são ações e atitudes como essa, que mantêm acesa a chama de pessoas que  estão no anonimato e estão fazendo ações sociais,  que todos possam se ver através dessas pessoas e dizer “eu também posso fazer o mesmo, eu tenho potencial e eu posso crescer enquanto cidadão e como cidadão crítico”, quero dizer ainda que a esperança de um país melhor, está viva, é a esperança da construção de uma sociedade justa e igualitária que cada vez mais se aproxima,  é uma dicotomia ela se afasta e se aproxima, nós precisamos entender que esse potencial está dentro de nós mesmos,  somos nós que determinamos e construímos o nosso futuro, não fique aí pensando na vida, levanta sacode a poeira e dá a volta por cima, diga “eu estou aqui e vou mostrar porque  estou aqui, vou construir um processo de transformação na sociedade brasileira, na sociedade sergipana”.

Prof. Bosco - Analista em Artes Cênicas Sesc/SE Unidade Centro – contatos:  79 8815-1698 (oi) 9809-2587 (vivo/whatsapp) 9152-5596 (tim)

WhatApps: +557998092587

 

MATÉRIA EM VÍDEO


Filmagem: Andréia Carvalho Santos

Transcrição do texto: Andresa Christy Santos (14 anos de idade)

 

Reginaldo Paz

 

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